A cruz é a loucura de Deus. Do ponto de vista racional, é impossível pensar num Deus sofrendo a morte, e morte de cruz. Mas, como disse Mark Shaw, “a aparência de Deus como um tolo derrotado é como um jogo, onde ele dá a vida no lugar da humanidade caída”. A cruz localiza Deus em nossa fraqueza e imundícia.
No mundo antigo existiam vários tipos de cruzes. Havia um tipo de cruz em formato de “X”, chamada em latim de crux decussata. Parece que esse é formato da cruz mencionada em Ez 9.4: “e lhe disse: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.” O termo “sinal”, em hebraico, é “um tav”, a última letra do alfabeto hebraico. No passado essa letra tinha a forma de um “x”, indicando o antigo formato da cruz. No relato de Ezequiel, o tav na testa era um sinal de livramento. A mesma idéia aparece em outros textos bíblicos, ainda que com outras palavras: o sinal colocado em Caim (Gn 4.15), a marca de sangue nas ombreiras das portas dos israelitas (Ex 12.22-23). Assim também os crentes em Cristo serão preservados do juízo divino (Ap 7.3).